Um destes dias, na praia, observava as mulheres que passavam. Reparava nos biquinis que vestiam, nas curvas do corpo, no cabelo, nas pinturas da unhas das mãos e pés, nas feições do rosto, e por tudo isto punha-me a adivinhar a idade delas. Consegui perceber que as mais velhas gostavam de vestir os mesmos biquinis que as bem mais novas. E as cores do verniz nas unhas, essas também eram as mesmas. O cabelo, afinal, também o cabelo era quase igual, a cor, o comprimento, e a forma como o apanhavam. A única diferença, na realidade, eram as curvas do corpo e as feições do rosto. Nas mais velhas, havia uma outra curvatura excessivamente pronunciada, as carnes denotavam flacidez, e a pele com alguns vincos e até mesmo engelhada marcando a passagem dos anos.
Não que me pareça ou que julgue rectilíneamente que, vestir, pentear e adornar tenha idade certa. Não que não ache que as mulheres se devem cuidar de igual forma quer sejam novas ou com mais idade, robustas ou esbeltas, bonitas ou menos belas. Mas se a minha avó me aparecer na praia de biquini rosa fluorescente, com as peles todas ao dependuro, as unhas a fazer pandan com o biquini, o cabelo apanhado no topo da cabeça, diria eu: mas que caralho, a avozinha anda a fumar erva ou quê?
Isto para dizer que é obvio que chegadas a uma certa idade, as mulheres, por mais que façam, por mais estiquem, por mais que tirem ou encham, perdem o vigor e a frescura da juventude, ou também perdem os traços típicos do corpo tornam-se mais uma obra, não dos pais que as fizeram, mas de um cirurgião plástico qualquer. Contudo, e neste sentido, também as mais novas já têm celulite, já são obesas e já têm as formas do corpo lassas...
Isto para dizer que é igualmente óbvio que os homens, chegados a uma certa idade, a mesma daquelas mulheres que aos poucos foram perdendo o vigor, olham com mais frequência e talvez gosto, para as outras que são mais apetecíveis ao olhar.
Podia rematar, fazendo brilharete, dizendo que não são umas mamas boas e firmes, um rabo redondo e rijo, umas pernas torneadas e fortificadas que nos fazem olhar e desejar as mulheres mais novas, que é indiferente e que a beleza não tem idade. Se o fizesse, das duas, uma: pensariam que sou gay ou então dir-me-iam que sou um mentiroso insolente.
Na verdade a beleza não tem idade, na verdade até não interessa o viço do corpo, porque quando se quer, faz-se por outras razões que não apenas esta.
Mas quando uma mulher se adorna de mesma forma que uma menina, num corpo de mulher, já quase com meias solas gastas, ou então recauchutada, isso sim, é de bradar aos céus e cobiçar a menina airosa de biquini colorido.
bah, que alegria seria todos, homens e mulheres de todas as idades e feitios, irem para a praia, e mar adentro, nus e bens dispostos! : D
ResponderEliminarhttp://www.bcliving.ca/sites/default/files/imagecache/node_image_small/images/KokoroDance-main.jpg
ResponderEliminarConcordo com tudo o que dizes, menos no facto que te focares na idade. O que não faltam são miúdas novas com curvas flácidas e exageradamente acentuadas, com celulite ou seja...longe desse corpo perfeito que atribuis à juventude. Em contrapartida, há mulheres de mais idade(admito que menos) que mantêm um corpo firme e ainda bem capaz de despertar os desejos de um homem...ou de deixar os galos com a crista em pé, como eu costumo dizer.
ResponderEliminarAcho que a questão é as pessoas, homens ou mulheres, serem conscienciosos da imagem que vêm no espelho, aceitarem as diferenças e gostarem de si próprios. Depois é uma questão de bom gosto escolher e adequar a indumentária que mais beneficie a imagem.
Gostei do tema :)
Beijo *Estrela*do*
Estrela, eu referi o mesmo:" Contudo, e neste sentido, também as mais novas já têm celulite, já são obesas e já têm as formas do corpo lassas..."
EliminarMas i, concordo plenamente: valha a consciência de cada um! ;)
Obrigado.
Beijo! :)
Sim, tens coragem. Gostei da tua frontalidade. Uma das lástimas contra que me debato, sempre que caio nessa armadilha, é justamente o facto de o cérebro parar pelos vinte e tal, o biológico, aquele que empurra o olhar. Valha a aprendizagem que nos faz também apreciar o vinho do Porto, mas principalmente, e talvez por isso mesmo, nos diz que é o produto pior que precisa de vender pela embalagem, não tendo afinal muito mais substância; enquanto no de qualidade a embalagem até pode ser agradável mas será sempre mero adorno. :-)
ResponderEliminarOra aí está daquilo que se podem sempre fazer valer: a substância!
Eliminar;)
Concordo com tudo o que escreveste, embora gaja excepções a regra obviamente mas isso aplica se a quase tudo na vida. Ha momentos para tudo e idades para quase tudo. As mulheres e os homens tem de aprender a aceitar o passar dos anos, o que nao e facil mas o que havemos de fazer?
ResponderEliminarBoas palavras e perguntas tantas vezes sem resposta... :)))
Eliminar""Faz-te velho e faz com que ela se faça velha."
ResponderEliminar(carta de Hemingway a Dos Passos)
É um conselho inútil, porque o sexo
dá o mesmo medo quando te tornas velho
que quando és jovem, o mesmo medo
que quando, em criança, os cães copulavam
e as pessoas lhes davam pontapés,
e eles, pegados, com guinchos de dor
fugiam pela empoeirada rua da aldeia.
É onde morrem as ondas
que torno a ver os teus pés de mulher jovem
envernizados pela água lenta e dócil."
poema de Joan Margarit
p.s. sexo? medo?
Medo do sexo? Medo de ser velho? ou medo do sexo em velho?
Eliminar...
Diz que temos sempre medo, quase desde que nascemos até morrer.
:))
Sou capaz de ter preferido a frase do Hemingway, porque quando se gosta faz-se por outras razões que não somente o sexo, e é capaz de ter a sua razão fazer-me velho ao lado de quem comigo se fará velha.
;)