Todas as semanas ía à baixa da cidade. No café de sempre, numa mesa junto à janela mirava a Avenida e piscava o olho a S. Bento, e enquanto tomava o pequeno-almoço, folheava o Notícas. O rapaz que servia à mesa, não muito estranhamente de nome Zé, foi solicitado com um piscar de olho e aceno de cabeça. Rapidamente, acedeu ao pedido e chamou o homem que se encontrava à porta. Com um aspecto gasto e envelhecido, ele arrastou-se com a sua caixa de engraxar até junto do cliente, sentando-se a seus pés, deu-lhe os bons dias.
Falaram sobre o tempo, sobre a vida e a desgraça que sombreava o país, a neta que havia nascido perfeitinha e airosa, graças a Deus, e limpando a lágrima no canto do olho com o lenço de pano amarrotado, rematava com o seu Porto que, segundo ele, não estava nada bom.
Depois fez-se silêncio entre eles, e com o som de fundo das chávenas e o arrastar de cadeiras ele abandonou-se aos pensamentos enquanto observava o manejar do homem a engraxar-lhe os sapatos.
No prédio de três andares lá para os lados de Cedofeita, visitava-a amiúde. Subia a escadaria alta e marmoreada, onde enfatizavam os seus sapatos engraxados e cuidados. Carregava no botão preto e redondo da campaínha e ao segundo som, estridente e irritante, ela abria-lhe a porta, num sorriso largo e convidativo.
O ranger do soalho era delicioso, mas mais que tudo era vê-la caminhar nos seus sapatos de verniz, de tacão fino e estonteadamente altos, bamboleando as nádegas sob o robe estampado de um tecido qualquer acetinado.
Numa troca acanhada de palavras, enquanto ela lhe preparava um café na cafeteira, ele, compassadamente, despia o casaco, tirava a gravata e desabotoava o botão da camisa. Ouviam-se os sinos dos Clérigos a avisar que já eram horas de se deixarem de namoro e da gula do olhar. Que se satisfizessem os desejos!
Numa pose rígida mas descomedidamente excitante para ela, ele desapertava-lhe, com um leve puxar da ponta do laço, o robe. O busto à espreita e a tez levemente arrepiada. Pelos ombros, vagarosamente, deixava cair a peça de roupa ao chão. O corpo nu, os mamilos enrijecidos, as pernas fortes, as coxas torneadas sobre os sapatos de tacão alto.
Nunca os tirava, os sapatos. Era assim que ele queria, fodê-la com eles calçados. Sentir-lhe as pernas bambas, lá no cimo daquelas torres, enquanto por trás, lhe arreganhava as bordas da cona e a penetrava bem fundo, repetidamente, até lhe ouvir os gemidos gorjeados do orgasmo e de lhe ver o prazer a escorrer pelas pernas abaixo.
Olhou o relógio, eram horas de se fazer à vida. Pagou e saíu, misturando-se com o marulhar da avenida.
Que se satisfaçam sempre os desejos !
ResponderEliminarBoa tarde :-)
Boa tarde, menina!
EliminarE que se dê liberdade às taras e manias:-)
Boa noite Zé!!! Belos passeios se dão por aqui :)))
ResponderEliminarmas cansativos, sabes que prédios antigos, outras alçadas, o degraus enormes, um gajo chegava lá acima já com o aquecimento bem feito :)))))
EliminarBoas tardes :)