Aqui há dias recebi a visita duma velha amiga. É verdade, volta e meia caio na graça dos deuses e dos diabos e elas batem-me à porta.
Chame-mos-lhe a Tia. Vocês sabem que sou rapaz discreto e que, pelo sim, pelo não, tenho seguro de vida, não vá um qualquer bater-me à porta com a fusca em punho.
Conheci a Tia em Lisboa, lá de onde ela é nascida e vivida, pois frequentava a casa duns tios, estes, de sangue e não de encabação, tal como a dita. A ordinária fartava-se de gozar, sempre com outras intenções, daí eu a adjectivar de ordinária, aqui com o pujante e jovem José que era do Porto e que falava com a pronúncia que todos sabem ter as gentes do coração da nacão-e.
Eu, Dear Zé, querido como sempre, sorria-lhe, mas em silêncio pensava: minha ordinária... hás de cá vir!
E veio!
Os pormenores não são necessários, eu sei que vocês dispensam todo aquele vocabulário cheio de vernáculo e erótico-badalhoco, e portanto passamos logo à fase em que a acção está já em franco andamento.
Dita então a história, pois eu hoje estou assim em modo de remember yesterday ( que por acaso eram as noites de quarta-feira, no mítico Swing, que nada tem a ver com mistura de casais, e se acontecia era mero acaso, mas era um bar ali na Boavista. Ah saudosas noites de farra, e boa música, e no fim boas trancadas! )... e como dizia, dita a história que a dama lisboeta, tanto andou, tanto desdenhou que numa bela noite de luar foi parar ao quarto do Zé. Já a romaria tinha passado o adro, e o Zé fez-lhe pontaria para a zona dos fundos, e ela... uu...uu...uiiii, aí não querido! E o Zé: aí não, porquêêêê?, gozando ele, agora, com a sua pronúncia arrastada de Tiiiiiiiia. Depois de várias tentativas, e do uso manejado de palavras por forma a convencer a Tia, eis que o intento foi bem sucedido. Aliás, muito bem sucedido, pois aquela lisboeta, diga-se de passagem, e sem querer ser indiscreto, tem um monumental cu!
Todavia, havia um senão. A momentos tais, satisfeita da vida, e o Zé também, a Tia dirigiu-se ao wc para fazer a sua higiene e eis que o Zé ouve um "vrum"... (nós por cá, é brum, pois, a pronúncia é a mesma, tanto seja por cima como por baixo! ), e depois outro vrum, mais agudo, agora, e outro e outro... e uma verdadeira sinfonia, algo desafinada, pois ou era em dó maior ou menor, ou em clarinete ou em trombone. E o Zé, que é um rapaz esclarecido e compreensivo, pensou: aquilo precisa duma afinação, mais uns dias e já canta de fininho! E assim foi, mas nunca deixou de cantar...
Tudo isto para vos dizer que a Tia gostou tanto, tanto, tanto do tratamento do Zé que, volta e meia, ou eu por lá, ou ela por cá, nos juntamos para afinar os instrumentos. Ainda estes dias, assim que a vi, cumprimentei-a com um beijo na face e ao mesmo tempo sussurrei-lhe: já tinha saudades tuas... cagona!
E assim vos deixo com mais uma história. Para que não digam que só escrevo coisas porcas...
E despeço-me até um dia... Pelo menos até ao fim do dia por cá estarei, depois vou apanhar uns raios de sol dos Al-garves.
Beijinhos e Abraços, e cuidado com os doces, mas se precisarem de um personal trainer... Dear Zé está às ordens!