quarta-feira, 30 de outubro de 2013




"Without Lou Reed, we wouldn’t have punk rock. We wouldn’t have The Sex Pistols, Black Flag, The Clash, Television, Dead Kennedys, or Devo.

Without punk rock, we wouldn’t have post-punk. We wouldn’t have Joy Division, The Cure, The Smiths, This Heat, Talking Heads, Wire, Gang of Four, Nick Cave, The Feelies, or Swans.

Without post-punk, we wouldn’t have alternative rock as it is today. We wouldn’t have Pixies, Radiohead, Nirvana, Pavement, R.E.M, The Replacements, Nine Inch Nails, Cocteau Twins, or Weezer.

Without alternative rock, you wouldn’t have most indie rock as it is today. You wouldn’t have Modest Mouse, Built to Spill, Pavement, The Strokes, Yo La Tengo, The Dismemberment Plan, Arctic Monkeys, Interpol, Deerhunter, or TV on the Radio.

Without Lou Reed, we wouldn’t have noise rock. We wouldn’t have Sonic Youth, Big Black, The Jesus Lizard, The Jesus and Mary Chain, Fugazi, Boris, or Dinosaur Jr.

Without noise rock, we wouldn’t have shoegaze. We wouldn’t have My Bloody Valentine, Ride, Slowdive, Galaxie 500, Flying Saucer Attack, or Have a Nice Life.

This is the legacy Lou left behind." | Anon

Perfect Day | Twin Shadow


Bom dia...





Hoje, pela manhã, enquanto me escondia nas peúgas e nos boxers, olhava pela janela e pensava o quão bom seria ficar  mais um bocado na ronha... bom dia, alegria!





quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Sou um homem de ideias fixas






Juntamos o post anterior à bela noite de chuva que estará, colocamos uma daquelas tuas músicas de pronúncia oui oui e enrolamos-nos pelos chuviscos adentro... que dizes?!

Moi non plus




Porque as manhãs de chuva, carrancudas e espessamente húmidas





deveriam ser destinadas a estarmos na cama
enrolados nos lençóis, tragava o teu corpo em suaves prestações
e estendidos pela cama, percorria a tua pele a conta-gotas
para por fim, escondidos na roupa, branda e tepidamente, me embalar nas tuas nádegas
e, miseravelmente cansados, inventávamos o sono
deitado no teu colo, dentro dos teus braços, enrolado no teu cheiro
corria as pálpebras tropeçando no sono.



quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Parece que é, mas...


Temos cavalos, cães, gatos, leões, aves, coelhos, galos, suricatas, raposas, macacos, chimpanzés, gorilas, esquilos, tartarugas, bisontes, gansos, cabras, ovelhas, porcos, girafas, répteis, lobos e, assim de repente, acho que é só... mas não temos pandas, menina! 
Assim sendo, e o melhor que se pode arranjar, porque o Zé é um dear... aqui tem, menina Pseudo:



um Pseudo-Panda!















terça-feira, 22 de outubro de 2013



E quando as tardes não terminam, nunca, nunca, nunca mais, e eu aqui sozinho a imaginar-te em casa a preparar o jantar... nuazinha, só com o avental, e esse pêlos perdidos na testinha... que fome! Mas por outro lado, joga o Porto, e já não posso ir para sala em boxeurs, meias e t-shirt, com a caneca numa mão e o petisco do outro lado... que saudades eu terei das minhas tardes/serões de futebol na tv all by myself... POOOORTO!










Ora aqui está uma música boa para o meu funeral... 
Lembrei-me agora de que acordei com esta... todavia, ela não estava.

Bom, enquanto não me decido





Melão, vinho bom.
Melancia, água fria
Meloa... 




Os meus leitores...





a) estranhariam, mas continuariam a cá vir

b) não punham cá mais os cotos

c) é indiferente

d) qualquer outra coisa que me passa ao lado mas podem deixar na caixa de comentários

e) não enganas ninguém, Zé. A imagem do cão é mera estratégia.


Se eu deixasse de meter cá gajas nuas e outras erótico/pornografias avulsas??




Era uma vez...


Vinha pé ante pé... não, assim não fica bem, é demasiado vulgar.
Vinha aos pulinhos, ela e a dona... não, assim também não. Fica demasiado brejeiro.
Vinha com a vontade toda... não. Demasiado óbvio.
Vinha mas arrependeu-se... Que cortes, Zé!
Vinha prontinha a foder. assim é que é, e não se fala mais no assunto.
C'um caneco, que detesto os preliminares. Do texto, malta atenta. Do texto!




sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Na tentativa de concluir







Bom fim de semana!
No Wonder | Neil Young




Na tentativa de angariar gente de bem e com isso ter de agradar a gregos e troianos...






"A experiência mostra que os homens vão sempre para baixo, que é preciso corpos sólidos para os conter." | Jean-Paul Sarte




Na tentativa de manter as angariações, ou seja, as leitoras de bem e de incentivar o dia de trabalho






"As boas acções elevam o espírito e predispõem-no a praticar outras." | Jean-Paul Sarte





Na tentativa de parecer gente de bem para com isso angariar gente de bem, porque nem tudo o que parece, é!






"A imaginação é como um braço extra com o qual você pode agarrar coisas que de outra forma não estariam ao seu alcance." | Jean-Paul Sartre

E agora, não querendo fazer uso de sobranceria menosprezadora, dizia, e vou escrever: estas até podiam ser palavras minhas... é que me farto de dizer isto.




Na tentativa de aconselhar a melhores angariações para gente de bem






"A felicidade não está em fazer o que a gente quer e sim em querer o que a gente faz." | Jean-Paul Sarte




Na tentativa de angariar gente de bem





"O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós" | Jean-Paul Sartre





O Zé pica o cartão às 9 horas





Hong Kong back door | Michael Wolf Photography
Os admiráveis subúrbios de qualquer grande cidade... e curiosidade sobre quem gosta de saber do Zé e da sua vida. Vá, na minha cidade, que é grande só para os que de lá são, também há um back door, mas ainda assim, e por bem, a minha alvorada é bem mais agradável.




terça-feira, 15 de outubro de 2013

O Governo entrega hoje a proposta de Orçamento do Estado para 2014 no Parlamento





Ahh????
Conheça as principais novidades do Orçamento do Estado
Carrega burro! Carrega!

Esta terça-feira jogue no euromilhões, seja excêntrico, gaste 10€, e espere encarecidamente que lhe saia o grande prémio, de outra forma está fodido. Até às 19 horas do dia de hoje, jogue no euromilhões. Seja excêntrico.
E tu, que tipo de excêntrico és tu??!! (podem deixar as vossas excentricidades na caixa de comentários, não se entusiasmem com o burro, ok??!!)



segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Oh madonna mia, di linguine! Que é como quem diz: olha o esparguete que se arrefece!








O Tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem, e o Tempo respondeu ao tempo que o tempo tem tanto tempo quanto tempo, tempo tem.




E o Zé pergunta ao blogger em modo de destrava posts:

Blogger demora muito tempo o tempo que leva o tempo a lançar os posts no reader?
É que isto vai com atraso de horas e o Zé não tem o tempo que o tempo tem.








Se bem repararem, quando duas ou mais pessoas nada têm a dizer, falam sobre como está o tempo para puxar conversa:
Ora então, frio não está. O céu está cinzento e vai chuviscando. E pronto, é assim. A coisa até podia aquecer se metesse aqui uma menina pelada a fazer de conta que era a senhora do serviço informativo de meteorologia, mas não me apetece, e também pode ser que assim me comecem a levar mais à séria e pensem menos no Zé como um tarado de vão de escadas, daqueles com ar sombrio e de mãos nos bolsos da gabardine, sobre o corpo nu, qual homem-bomba, pronto a mostrar a artilharia ( vide literatura sobre caçadeira de canos serrados ). Mas serei educado e prometo que ainda não é hoje que mostro. Só porque sim e porque não me dá na veneta. Tirando isso, informo os demais que tento a todo o custo resistir às mudanças de estação, e dizer adeus ao meu verão. Ah ah! Vêem! Vêem com bate certo a coisa do tempo. E por estes dias terei nova companhia, quer dizer, terei companhia cá por casa e por essa razão ando a fazer ninho...

E bom dia, também!






Há muito tempo que não via um destes.
Good Morning" | Debbie Reynolds, Gene Kelly, & Donald O’Connor | Film: Singin’ In The Rain (1952)





quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Gosto e pronto!


Gosto de quando me surpreendes, e não falo de quando me apareces sem cuequinhas, de todas e a cada vez, sim, me surpreendes, minha ordinária, mas falo de quando me invades o leitor de música e me violas os gostos musicais, e me penetras com a tua música. E eu deixo. Fraco! E envolvo-me e danço contigo. Vens com esse ar de menina pedinte e a gingar o corpo. E eu derreto-me. Fraco! Encosto então a minha perna à tua perna, o meu flanco ao teu flanco, o meu ombro ao teu ombro, roçamos o sexo um no outro e em perfeita sincronia de movimentos os nossos corpos baloiçam.

E nesta altura, aí o público rejubila e já bate palmas, vá oiçam a música senão esta merda não funciona e não entendem patavina do que vos escrevo. Ta ta ta lose yourself to dance  ta ta ta lose yourself to dance ta ta ta... E vocês ai na secretária, ginguem também, vá aquele jeitinho com o ombro, de um lado para o outro, mãos no teclado. atenção aí à compostura, há quem lhe chame javardice, e nada de cotovelos na mesa, foda-se.

E depois desapertas-me um botão, um atrás do outro com uma velocidade louca, é impressionante essa tua agilidade, e os nossos quadris continuam a sacudir-se, colados... e eu, com os dedos rombos e trôpegos, tento a todo o custo desapertar-te o soutien e... como eu odeio soutiens! Sim, odeio, e não é preciso assobiarem-me ai do público. Odeio porque nunca os consigo desapertar. Vá, continuem com as palmas, senão perco o ritmo. Vá!

Gosto de quando a música acaba, e já despidos nos tombamos e consumo-te o corpo, enquanto atas as tuas pernas à minha volta, e por entre palavras e insultos, debates e recuos, acabas por te entregar, indefesa, e numa cascata de gemidos, desvaneces por entre trejeitos da boca e uma feição perturbada de como se fosses chorar. E tudo isto, não como um fraco, mas como um homem que te deseja à séria.

Gostos, são gostos, e a malta aí, nada de apupos, oiçam mas é a música  - Lose yourself to dance






quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Que mal lhes pergunte...



Vim do repasto. tipo de comer, estão a ver. e como faço a refeição sozinho, tipo, sem ninguém, para o tempo passar, tipo assim, ponho-me a escutar a conversa da mesa ao lado. e então, hoje, tipo um rapaz e uma rapariga, na flor da idade e com a comichão no corpo, estavam entretidos à conversa e pus-me a pensar, enquanto deixava de os ouvir, que, tipo a malta de hoje, assim a juventude, que eu não sou velho, tipo coiso, mas pronto, aqueles que, tipo são mais novos do que eu, ai tipo uma década, mais coisa menos coisa, e falam assim tipo como eu estou a escrever, tipo a intervalar cada duas ou três palavras com a palavra tipo, pergunto-me eu se, tipo utilizam a palavra para tipo como se estivessem a escrever, estão a ver? e o tipo seja tipo sinal de pontuação? é isso? ou tipo sei lá, lol! Olhem, é como o lol, tipo, dizem qualquer coisa e lol, em vez de gargalhar, dizem a palavra lol. Tipo, não sei, mas além delas já serem todas quitadas e tão novinhas, tipo ainda a deitar corpo mas já todas de plástico, ainda usam este vocabulário tipo merda, percebem? Será porquê? Tipo, sou eu que na realidade não acompanho os tempos e tipo estou mesmo a ficar velho, ou tipo os professores, no geral, e os de português, em particular, tipo, não incutem valores, educação e ensinam correctamente a língua portuguesa?! ou tipo, esta malta agora é toda mecanizada, ou melhor, tipo informatizada, e falam tal como escrevem, tipo nos chats e essa cenas? lol lol lol. tipo, não bebi álcool, percebem, mas  roça o decadente este tipo de linguagem... não acham?
Paguei, levantei-me e pensei, a partir de agora, tipo nem mais um pio!





Obs: também é linguagem tipo género masculino, logo tipo não é exclusivo delas, lol.





Terminavam a refeição. O silêncio apoderava-se da sala e já nem o remexer dos talheres ocupava o espaço vazio. Ela pousava os olhos sobre o guardanapo ao colo, e com as mãos encostadas à mesa, sim porque a mãe lhe ensinara que nunca se punham os braços e cotovelos sobre a mesa, aguardava que algo renascesse naquela quietude íntima e secreta, mas constrangedora pela demora. Descalçou um sapato e sentiu o chão com a ponta dos dedos e num tom de voz tímido perguntou-lhe: E agora? E numa entoação gasta, ele respondeu: podemos começar por aqui, e enquanto me debicas o sexo com a boca, eu afago-te os cabelos. Sem pressas. Posso prende-lo em trança ou em rabo de cavalo, sempre me facilita o manejo enquanto te empurro a cabeça. E num crescendo generoso engoles-me o membro. Gosto de te ver com a boca cheia enquanto beliscas os mamilos para que se empinem. Gosto de ver ruborescer a tua face e do encarnar dos lábios. Gosto da saliva que me vais deixando pelo malho acima. E quando me chupares os testículos, hei de relembrar-te para que metas dois dedos, bem fundos, nessa cona encharcada. Depois, durante o tempo em que te ocupas de ti e te tocas, buscarei a minha densidade de carne e num ritmo cadente aguardamos o desfecho, e entalo-te o malho na boca e escuto-te os gemidos enquanto acolhes os meus, como um brandir de corneta, assim que me vier. Gentilmente, acariciar-te-ei o rosto e os cabelos, e contornando as feições, estendo os dedos, aparando o líquido que te escorre por entre os lábios. 
Nada mais tenho para oferecer...




David Bowie, Absolute Beginners





terça-feira, 8 de outubro de 2013



"Damos commumente às nossas ideias do desconhecido a cor das nossas noções do conhecido: se chamamos à morte um sono é porque parece um sono por fora; se chamamos à morte uma nova vida é porque parece uma coisa diferente da vida. Com mal-entendidos com a realidade construímos as crenças e as esperanças, e vivemos das côdeas a que chamamos bolos, como as crianças pobres que brincam a ser felizes." - Livro do Desassossego

Seremos crianças ao longo da vida ou seremos apenas meros pobres? Ou ambos? Ou outra coisa qualquer que escapa agora?





Estava aqui a pensar que há já algum tempo que não ponho aqui uma gaja boa, daquelas mesmo, mesmo boas...






E ainda não é hoje...
E assim termino a emissão em modo radioblogosfera.
Tenham uma boa noite.
Eu por mim... dormirei sozinho, mas como já vou embalado, é um instante.

Tchaikovsky - Sleeping Beauty Waltz




segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Lá fora na rua...



      O movimento era o de sempre: mais nuvem, menos nuvem, alguma gente, mais gente, tanto barulho, pouco barulho, bastantes carros, não muitos carros... a mesma merda de sempre! Pensava ela, lá dentro, ao tempo que atirava pela janela a beata de cigarro mirrada. Foi até à cozinha onde as panelas já fervilhavam e espalhavam o cheiro a comida por toda a casa. O aspecto da divisão assemelhava-se ao da passagem de um pequeno Katrina, embora limpo, estava tudo desorganizadoramente desarrumado. Contudo, como qualquer mulher com a sua mala, ela encontrava qualquer coisa em três tempos, e rapidamente pegou numa grande colher de pau, duma madeira amarelada e gasta, mais pelo tempo do que pelo uso, levantou o testo de uma panela, afundou-a e emergiu-a, levando-a à boca. 

Provou e fez uma expressão de nojo: raios de homem que tanto gosta de bacalhau, pensou ela. Bacalhau assado, bacalhau frito, bacalhau com natas, bacalhau desfiado, bacalhau gratinado, bacalhau à braz, bacalhau com cebolada, bacalhau com puré, pastéis de bacalhau, pataniscas de bacalhau, uma infinidade de maneiras de o cozinhar, mas sempre bacalhau, e hoje, era cozido. Fosse ele pesca-lo e por lá ficasse... malvado!, cismava ela, enquanto punha outro cigarro entre os lábios. Puxou fortemente o fumo do cigarro, inspirando, e, encostando-se à bancada, ficou alheada a olha-lo. Preciso de deixar este vício, e franzia o sobrolho, pois das duas, uma, é ele que me mata, e erguia uma sobrancelha, ou é aquela besta, que daqui a nada terei sentado à mesa, com os cantos da boca besuntados de azeite, e um hálito medonho a alho, e piscava um olho. Um dia... um dia, deixo... e, levou a mão ao canto da boca, nela aninhando o cigarro, enquanto, com destreza e um ar algo concentrado, espetava o garfo  numa batata, verificando a cozedura.

Por essa altura soou a campainha. Raios, que o homem hoje chegou mais cedo, e já me vai moer o juízo, bateu a língua contra o céu da boca emitindo o som dum estalo, mas ainda não está na hora!, pensou, espantada. Com o passo acelerado, e limpando as mãos ao avental cintado ao corpo, foi até à porta e abriu-a. Bom dia, sou o Quim, o seu marido mandou-me cá para lhe arranjar a máquina de lavar roupa, diz que faz muito barulho ao torcer. Posso entrar? é que tenho ainda outro serviço antes das duas, vá lá Dona, tenho que me despachar. De volta à entrada da porta, de onde, por segundos, se tinha ausentado no seu imaginário, concordou, acenando a cabeça e encaminhou o homem até à cozinha.

O rapaz, jovem, por sinal, bem parecido e fisicamente bem constituído, sabia lá ela porquê, rapidamente mexeu nos botões da máquina, puxou-a e examinou-lhe a parte de trás. Enquanto isso, ela, encostada à mesa, mordiscando o polegar, procedia à análise atenta e detalhada do corpo do rapaz. Será que ele gosta de bacalhau? Será que lhe incomoda, como a mim, este cheiro? Deve ser vigoroso. Tem umas mãos bonitas, imagino o que não fará com elas. A roupa é assim a fugir para o azeiteiro, mas para o que seria, nem faz mal. Podia agarrar-me já aqui em cima da mesa e foder-me. Metia-me os dedos, daquelas lindas mãos, e só assim, eu vinha-me logo... És tão parva, mulher! Olha mas é a hora. Ainda por cima é um moço, repara lá em ti! Dona! Está a ouvir, Dona?! Perguntava o rapaz, que entretanto já se tinha levantado e, em frente a ela, fazia o relatório da avaria. Sim, sim. Estou a ouvir. Continue. Portanto, é isso, depende se tiver as peças, e se não, depende do tempo que a casa demora a arranja-las. Ainda por cima estou cheio de trabalho. entende Dona? O mais certo é ficar pronta apenas no fim da próxima semana. Credo! Nem por sonhos, não posso ficar tantos dias sem a máquina e a lavar roupa à mão! Leva-a hoje e entrega-ma amanhã. Disse-lhe sorrindo com um ar matreiro e piscando-lhe o olho. Ó Dona, nem pense nisso! Tenho outros serviços à frente, só cá vim porque o seu homem me chateou. Retorquiu-lhe ele, arqueando as sobrancelhas, apoiando as mãos por detrás das costas, sobre a bancada, e observando-a de cima a baixo. Sentindo o olhar atento e interessado do rapaz, ela rodou sobre a mesa, a fim de alcançar o telemóvel que estava na outra ponta, empinando o rabo. Ele, inspirou fundo, passou a palma da mão aberta pela cara, esfregando-a e quando a mirou de novo, ele empunhava o telemóvel, e com uma mão sobre a anca, argumentava, tentando convencê-lo a executar o serviço.

Ao que parecia, as divagações acerca do rapaz não teriam sido assim tão imbecis, cada vez mais levava a crer que o tesão era recíproco, e agora, os olhares trocados confirmavam o esconso desejo que lhes assoberbava os corpos. Plantada junto à mesa, sentia os mamilos endurecem, sentia o olhar dele a vê-los enrijecerem por debaixo da camisa, sentia uma torrente de calor por entre as pernas num ritmo descompassado de curtas e doridas palpitações, e numa derradeira tentativa para o convencer ao conserto da máquina, e encerrando o assunto por forma a que passassem de imediato à consumação da atracção, sentando-se, com a ajuda das mãos, sobre a mesa, disse-lhe desafiadoramente: tem a certeza de que não há forma de contornamos isso? Dona, bafejou ele em rouquidão, tenho a certeza de que podemos resolver isto da melhor maneira para ambos, e passou a mão sobre o membro grosso e proeminente sob a ganga gasta das calças, e que dando um jeitinho, e fazendo um esforço, até posso entregar-lhe a máquina hoje, ao fim do dia. Ela sorriu de orelha a orelha, ergueu a cabeça para trás, levou as mãos à cintura desapertando o avental, e deixou cair o corpo sobre os cotovelos, abrindo-lhe as pernas. Então faça lá o que tem a fazer, comandou-lhe ela, gargalhando.

Como um animal sedento, ele atirou-se sobre o seu peito, puxou-lhe a camisa para cima e encheu a boca com um dos seios, enquanto, com a mão, lhe molestava o outro. Trocou, e mais avidamente beijou-os. Sentiu-lhes o toque, o tamanho e a forma. Cheirou-os e com a boca, língua e dentes neles chafurdou. Ela gemia e contorcia-se sobre a mesa. Molhou-lhe os lábios nos seus, e afundou-lhe a língua na boca, e como uma serpente na água, ziguezagueou-a enquanto roçava o pénis duro contra ela. À medida que a afagava, despia-a, desajeitadamente. Ela levantou a cabeça, querendo ver-lhe as mãos... a água vertia pelas panelas e incendiava a chama do fogão. O exaustor ruía e o fumo intenso escapava ao aspirar do aparelho. Não era muito hábil, os tremores eram notórios, mas ainda assim, o toque, esse era majestoso, tal como ela pensara assim que as vira... aquelas lindas mãos. E com elas penetrou-lhe as coxas, ajustando-as ao seu corpo, levou dois dedos à boca dela e enterrou-os, impelindo-a a chupa-los. Chapou a palma da mão contra a púbis, remexendo o emaranhado de pêlos não muito fartos e alcançou-lhe os lábios molhados do sexo. Ela agitou-se arrastando um gemido. Fedia a bacalhau. Aquele que na panela fervilhava. Aquele que o homem comeria à mesa, onde o Quim, o homem que o marido enviara com o propósito de arranjar a máquina, naquele momento sacudia as crinas do cabelo forte e escuro, e fechava os olhos ao mesmo tempo que sentia o malho a adensar-se, e penetrava as pregas do soalho pélvico da sua mulher e os dedos encharcados pela sua vagina, na boca, fazendo-a provar-se.

Ao perto, os sinos de S. Francisco badalavam o meio-dia enquanto ela lhe cravava as unhas como uma cadela que esgaravata a terra depois de urinar, e de olhos esbugalhados no tecto, sentia as primeiras contracções lentas, e ainda que efémeras, lhe esboçavam nos lábios um sorriso eucarístico de satisfação pelo orgasmo. Bem próximo, numa expressão pesada e de pálpebras cerradas, ele, que sentira a seda contráctil da sua vagina, seguia o compasso e na abóbada do seu corpo, semeava, a cada estocada, a substância ácida do pénis, rugindo, e no seu peito desfalecendo até recuperar o fôlego.

Vestindo-se sem demora, ordenou que levasse então a máquina. Para hoje não me faz falta, disse ela, arranjando o cabelo, ai a porra do bacalhau que já deve estar desfeito, carai! E foi até ao fogão, desligando-o. Também, tanto faz, diz sempre que está uma merda, merda por merda, come o que lhe ponho na mesa. Vá lá, despache-se e saia daqui que ele deve estar a chegar. Amanhã, pela manhã, uma hora mais cedo, venha. Pode ser?, questionou sorrindo com olhos de rogo e ardência no corpo. Pode, Dona. A Dona só manda. Amanhã cá estarei, uma hora mais cedo, informou com um ar maroto, enquanto afagava o mangalho. Vá, vá!, empurrava-o ela, pela porta fora. Ele parou de frente dela e num olhar sério e ansioso, disse: Espero que a tenha agradado, Dona. Bem sei que se tivesse a figura do cônsul do prédio da frente, teria outro encanto... o gabinete, o tampo da secretária, a fatiota... mas garanto-lhe que não perdeu o dia, Dona. Piscou o olho e saiu, para seguir caminho.






Wild life






    Sirens, Pearl Jam





quarta-feira, 2 de outubro de 2013