"Dói-me qualquer sentimento que desconheço; falta-me qualquer argumento não sei sobre quê; não tenho vontade nos nervos.(...) E escrevo estas linhas, realmente mal-notadas, não para dizer isto, nem para dizer qualquer coisa, mas para dar um trabalho à minha desatenção. Vou enchendo lentamente, a traços moles de lápis rombo(...), o papel branco de embrulho de sanduíches, que me forneceram no café, porque eu não precisava de melhor e qualquer servia, desde que fosse branco. E dou-me por satisfeito. Reclino-me. A tarde cai monótona e sem chuva, num tom de luz desalentado e incerto... E deixo de escrever porque deixo de escrever." - Livro do Desassossego
Depois de amanhã faz um ano que comecei esta brincadeira. Desde logo me propus escrever... umas vezes rombo, outras afiado, mas o propósito era sobejamente esse, tanto que nem sequer colocava imagens. Por sugestão das meninas, comecei a adornar o tasco... sempre mais e mais até me esquecer das palavras.
A manhã vai fria, não tanto como os dias anteriores, deserto de palavras e com a sensação de frustração, recolho-me, insatisfeito... Na porta fica um "volto já", apenas com a certeza do retorno, mas com a indeterminação da frequência, como já tem sido hábito.
Até já...